quinta-feira, 25 de julho de 2013

A Parábola das 10 virgens


Por: Pr. Aluízio A. Silva



MATEUS 25 nos relata a parábola das 10 virgens. As virgens representam todos os crentes. O que significa que, na igreja, há dois tipos de crentes: o prudente e o néscio; o vencedor e o derrotado. E o que diferencia o prudente e vencedor, nesta parábola? É que, além da lâmpada, ele tem azeite sobrando. O néscio e derrotado é vazio, não é cheio do Espírito Santo. Outro aspecto que precisa ficar claro é que a ênfase da parábola não é a salvação, mas o reino. Esta parábola e a dos talentos (também em Mateus 25) falam do reino.
A partir de agora, vamos explicar o significado de alguns termos desta parábola. As noivas representam os crentes e o noivo, Jesus. O número 10 significa uma completude humana. Por isso temos 10 dedos nos pés e nas mãos. Por isso os mandamentos que Deus deu a Moisés são 10. Isso significa que essas 10 virgens englobam todas os crentes, de todas as épocas. Elas simbolizam completamente os crentes de todas as épocas. O que significa lâmpada, na Bíblia? Provérbios 20:27 diz que o espírito do homem é a lâmpada do Senhor. Essas lâmpadas que estavam com as virgens representam o nosso espírito recriado. O nosso espírito é como uma lâmpada que foi acessa diante de Deus. O termo virgem não deve ser visto literalmente. Todos os crentes são vistos como virgens diante de Deus - separados para o deleite de Deus.

O texto diz que cinco das virgens eram néscias. Podemos dizer que elas eram crentes, por alguns motivos. Primeiro, a Bíblia fala que elas eram virgens - isto nunca é colocado em dúvida. A grande questão não é se as virgens eram falsas ou verdadeiras, mas se eram néscias ou prudentes. Se fossem falsas, o Senhor teria dito. Elas tinham luz em suas lâmpadas; isto significa que elas nasceram de novo. Por outro lado, se essa lâmpada também significa obras, quer dizer que elas tinham obras, testemunho diante de Deus; se a lâmpada significa a Palavra, quer dizer que elas tinham a Palavra consigo. Todas elas foram encontrar-se com o noivo. Se elas não fossem crentes, elas nunca iriam se encontrar com o noivo, assim como bandido não vai se encontrar com a polícia. O incrédulo não vai atrás de Cristo. No verso 10 se diz que ouviu-se um grito, que é a voz do arcanjo; é a voz da sétima trombeta do Apocalipse. E quando este arcanjo tocar, então todos vão ressuscitar. E todas elas ouviram a voz do arcanjo, o que significa que elas eram crentes. Por fim, nos é dito que todas elas tinham óleo na lâmpada. O problema é que elas não tinham azeite sobrando. O azeite significa o Espírito Santo. Outra diferença: se o Senhor não tivesse demorado, as virgens néscias teriam entrado pela porta. O grande teste então foi o tempo. Há muitos crentes que vão bem, mas logo desistem. Ainda outro aspecto: quando o noivo chegou, as virgens néscias pediram azeite às prudentes e estas disseram não. Se as néscias não fossem crentes, as prudentes nunca poderiam ter negado do Espírito para elas. Elas disseram: vão comprar. Ora, se a parábola estivesse falando de salvação, a salvação pode ser comprada, ou está à venda? Não; ela é de graça, é um presente. Se as virgens néscias eram descrentes, então as prudentes pecaram, porque não quiseram dar do que tinham às outras. E a Bíblia não as repreende por isso. E no verso 13 o Senhor nos manda vigiar, pois não sabemos o tempo e a hora. Descrente não vigia - quem vigia são os crentes.

Agora entendemos que todas são crentes e que há crentes néscios e prudentes. O prudente é aquele que edifica a sua vida sobre a rocha - que pratica a Palavra, tem realidade e conteúdo espiritual. Aquele que está em linha com a Palavra de Deus não pode ser abalado. E qual foi a insensatez que estas virgens cometeram? Elas tinham apenas a lâmpada acesa - eram salvas -, mas não tinham azeite sobrando - não eram cheias do Espírito. O azeite sobrando é a qualificação para reinar com o Senhor. O azeite é algo de que temos que nos encher a cada dia, pois vai se acabando. Quem é cheio do Espírito quer fazer algo, é gente comprometida, séria e que quer ver algo acontecendo. Igrejas de pessoas cheias do Espírito não têm falta de líderes.
Por que as virgens prudentes não atenderam ao pedido das néscias e não lhes deram azeite? É porque há coisas que ministramos e outras que damos. O verso 7 fala que as virgens néscias, quando acordaram, queriam que as prudentes dessem a elas azeite. Mas estas as mandaram comprá-lo. Comprar, na Bíblia, é algo cheio de significado. Na Bíblia há muitas coisas gratuitas - como a salvação -, mas há outras que temos que pagar um preço para tê-las. Eu posso ministrar o batismo no Espírito Santo, mas não posso encher ninguém; cada um é responsável por se encher. Sabemos que há irmãos que não gostam do termo “pagar o preço”, porque dizem que tudo é de graça. Mas a Bíblia não nos ensina que tudo é de graça. Ela nos diz que há coisas que têm um preço. Provérbios 23:23 nos fala de coisas que devemos comprar. Ser um mestre na Palavra requer tempo, esforço e disposição. II Co. 4:8-10 fala que a operação da vida e da unção tem um preço: entrar na morte. Morte é qualquer coisa que implica na suspensão dos nossos direitos legítimos e vitais. Ora, se temos direito de comer, mas abrimos mão dele para ter unção, isso é morte. Se temos direito de dormir, de passear, e abrimos mão deles para orar, isso é morte. E quando pagamos o preço, a vida de Deus vem. Em Apocalipse 3:18, na carta à igreja em Laodicéia, o Senhor nos aconselha a comprar ouro, que nos fala da natureza, do caráter; vestiduras brancas, que nos falam dos atos de justiça dos santos e da santidade de Deus; e colírio, para vermos, para enxergarmos as coisas de Deus, para termos discernimento e percepção espirituais. Há muitos que são naturais, só vêem o que é palpável. Ter unção e um constante jorrar de vida implica, muitas vezes, em muito choro, lágrimas, jejum, oração e perseverança. Há um preço a ser pago.

Verso 5. Todos nós iremos morrer um dia, assim como as virgens simbolicamente morreram quando estavam dormindo. Dormir na Bíblia pode significar duas coisas: apostatar-se da fé (Rm 13:11-13 e I Ts. 5: 4-6) ou morrer ( I Ts 4:13 e Jo 11:11). Eu creio que o significado aqui é morte. Porque todas, tanto as néscias como as prudentes, dormiram. Se se tratasse de apostasia, teríamos que admitir que as prudentes também se apostataram da fé. Em segundo lugar, as prudentes dormiram e não foram, de forma alguma, afetadas pelo sono. E, em terceiro lugar, o Senhor não as repreendeu por haverem dormido. Por tudo isso, podemos ver que o sono, aqui, não é algo negativo. Mesmo porque o centro da parábola é o verso 13, que nos manda vigiar e orar. “Ouviu-se um grito: Eis o noivo, saí ao seu encontro!”.Quando a sétima trombeta tocar, aqueles que morreram em Cristo vão ressuscitar; todos, tanto os vencedores quanto os derrotados, vão ressuscitar. Todas as virgens se levantaram. Isto significa que essa parábola fala da volta do Senhor Jesus.
O verso 10 nos diz que, enquanto elas foram comprar azeite, o noivo chegou e as virgens que estavam apercebidas entraram para as bodas e as portas foram fechadas. Fechar a porta não significa que a pessoa perdeu a salvação; significa, sim, que o tempo para ser qualificado é hoje. É agora e não depois que o Senhor Jesus voltar. Em II Coríntios 5:10 nos é dito que todos os crentes comparecerão perante o tribunal de Cristo. Este julgamento não é para salvação ou perdição, mas para recebermos ou não o galardão de reinar com o Senhor.
Verso 11. Mais tarde, chegaram as virgens néscias, clamando: “Senhor, Senhor, abre-nos a porta!” Mas Ele respondeu: “Na verdade vos digo que não vos conheço”. O conhecer deste contexto é diferente de um simples conhecer; é algo mais intenso, mais profundo e íntimo. A Bíblia usa dois termos gregos para a palavra conhecer: gnosko (conhecimento objetivo, mental, da alma) e oido ( conhecimento subjetivo, espiritual, mais intenso). A Bíblia, muitas vezes, chama o ato sexual de conhecer. Jo 1:26, 31, diz que João não conhecia a Jesus, mas é claro que ele o conhecia. Eles eram primos. João sabia quem era Jesus, o filho de Maria, mas não sabia quem era Jesus, o filho de Deus, para o que seria preciso especial revelação - mais que gnosko, seria preciso oido. Quando o Senhor Jesus disse que não conhecia aquelas virgens néscias, será que Ele estava dizendo que não sabia quem eram elas? Claro que não, porque Deus conhece todo mundo. Ele é onisciente, conhecedor de todas as coisas. Um clássico exemplo disto está no livro de I Samuel 3:1. Ali nos é dito que o jovem Samuel servia ao Senhor, porém Samuel não conhecia o Senhor. Ora, se Samuel servia ao Senhor, ele sabia quem era o Senhor. É como muitos crentes, que servem ao Senhor, porém não o conhecem na intimidade, em realidade e em espírito. O conhecimento do Senhor nos transforma, nos muda e nos conquista. A salvação é uma questão de conhecermos a Deus, mas o reino é uma questão de Deus nos conhecer.
Para encerrar esta parábola, precisamos ter clareza de que, para sermos vencedores, não temos apenas que ter a lâmpada acesa. É preciso ter azeite sobrando na vasilha. As virgens não foram julgadas por algo que fizeram ou deixaram de fazer. A grande questão aqui não eram as obras. Apesar das obras serem importantes. A grande questão era se estavam ou não cheias do Espírito Santo. Eis aí por que nós somos tão radiciais quanto à necessidade de se estar cheio do Espírito Santo. É que não há como ser vencedor sem ser cheio do Espírito Santo. Sem estar cheio do azeite do Espírito Santo ninguém vai ser arrebatado. No arrebatamento - que é diferente da volta de Jesus - só vai subir quem estiver cheio. O arrebatamento vai ser apenas para o crente vencedor. Nem todos os crentes vão ser arrebatados. Não basta estar com a vida correta e irrepreensível - até porque há muitos não-crentes que têm uma vida mais correta que a de muitos de nós. É preciso ter algo mais - é preciso ter algo que o mundo não tem. Em nossa igreja somos tão radiciais quanto a este aspecto que ninguém assume nenhuma função de liderança sem estar cheio do Espírito Santo.

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