terça-feira, 30 de julho de 2013

Saindo de Roma em Direção a Jerusalém



Penso que é minha obrigação, como pastor, guardar a Igreja local de qualquer ensino ou influência que possa desviar-nos do nosso propósito.
Há alguns anos, ouvi a respeito de um ensino que me pareceu muito interessante: “Precisamos sair de Roma e voltar para Jerusalém”, diziam os promulgadores do que hoje parece ser um movimento dentro do meio evangélico.
No passado, fui muito influenciado pelo movimento de restauração da Igreja. Senti-me muito empolgado, pois naquela altura entendi que Roma representava toda a decadência da Igreja Católica e Jerusalém parecia-me simbolizar o modelo original da igreja primitiva de Atos. Assim, sair da apostasia romana e regressar aos valores e práticas neo-testamentários pareceu-me verdadeiramente extraordinário.
Creio – com muito esforço – que essa era a intenção original dos postuladores desse movimento. Mas o que vem acontecendo na prática parece ser uma antítese, ou seja, uma verdadeira romanização da igreja evangélica. Nem bem saímos de Roma e já estamos mais romanos do que nunca.
Vejamos algumas situações interessantes. A minha intenção aqui é apenas mostrar as incoerências desse movimento que a princípio me pareceu salutar. Quero demonstrar que enquanto dizem querer ir para Jerusalém estão se tornando cada vez mais romanos.

Romarias para Jerusalém

Nada é mais romano do que fazer romarias. Não discuto o valor cultural e até sentimental de se fazer uma viagem a Israel. É inegável que nossa leitura e percepção dos eventos bíblicos se tornam muito mais coloridos depois de visitarmos locais bíblicos. Mas daí se afirmar que todo crente deve ir a Israel se quiser ter mais unção, prosperar ou ter uma nova experiência com Deus é algo ainda pior que ser um judaizante;.é  ser literalmente romano.
Não são poucos os crentes que se batizam novamente no rio Jordão atribuindo algum poder especial às suas águas; e ainda há outros que vão orar no muro das lamentações esperando participar da bênção dos judeus. Um conhecido meu vestiu-se como um judeu ortodoxo com chapéu e roupa e preta e foi orar junto ao muro fazendo aqueles movimentos repetitivos com o corpo. Ele me mostrou a sua foto com orgulho, mas a imagem produziu em mim uma profunda angústia. É lamentável ver um crente desejando se tornar judeu. Isto é voltar para Jerusalém? Pensei que voltar nos faria mais cristãos, mas eis que estão se tornando judeus tupiniquins.

Terra Santa

O argumento mais comum é de que Israel seja a terra santa e que, por extensão, o hebraico é o idioma santo, e Jerusalém é a cidade de Deus. Todos esses conceitos são romanos em essência. Foram os católicos romanos que instituíram um idioma sagrado: o latim. É isso! Voltar para Jerusalém é estabelecer o idioma certo, o hebraico. Alguns já começaram a usar o hebraico nos cultos. Outro dia chamaram o embaixador de Israel para orar em hebraico em um culto. O povo foi ao delírio. “É o avivamento”, eles diziam. Mas não seria mais próprio do cristão reconhecer que todos os idiomas são santos, uma vez que  foram liberados pelas línguas de fogo no pentecostes?
Há irmãos trazendo terra de Israel e colocando na sua sala e isso sem falar do azeite santo e das orações que foram levadas para o monte Sinai. Não consigo imaginar nada mais romano do que azeite santo de Israel. E o pior é que é um romano da Idade Média.

O sábado e as festas

Todos as religiões possuem suas festas, mas onde estão as festas dos evangélicos? Essa indagação tem produzido desconforto em alguns que, não tendo o que responder, resolveram adotar as festas judáicas como festas cristãs. Os católicos- dizem eles- celebram a Páscoa, mas os crentes fazem a Festa dos Tabernáculos. Grande diferença!  Talvez tenhamos voltado para Jerusalém e eu não percebi.
Nem vou tocar na questão de guardar o sábado, que tem se tornado uma doutrina predileta para esse movimento. Nesse ponto eles definitivamente não estão voltando para Jerusalém, mas estão se tornando judaizantes.
E o que dizer da estola sacerdotal e de todos os adereços do templo? Conheço igrejas que fizeram um trono (simbólico! dizem eles) e colocaram no Santo dos santos atrás do púlpito. E pastores usando estolas sacerdotais? Acho que já vi tudo isso em Roma.

Apóstolos e apóstolas

Mas há um ponto em que definitivamente saímos de Jerusalém: adotamos o ministério feminino em todos os níveis. Hoje temos pastoras, bispas (prá quem não gosta, pode dizer episcopisa, gostou?) e agora temos também as apóstolas. Isso dizem, é sair de Roma. O interessante é que esse talvez seja o único ponto que seria bom ficar em Roma, pelo menos nessa questão os romanos estão mais perto de Jerusalém.
Umas igreja de vencedores é sem dúvida uma igreja que pratica o modelo da Igreja de Jerusalém. Mas definitivamente, não queremos ser judeus. Queremos ser a noiva chamada entre os gentios.

POR: PASTOR ALUÍZIO A. SILVA

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