Como impedir a queda de uma ovelha

“Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas? Comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. As fracas não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza” (Ez 34.2-4).

Em um primeiro momento, podemos interpretar que essas são situações nas quais estão diversas ovelhas. Cada uma delas em um nível diferente. Mas podemos pensar também e concluir que são graus ou estágios possíveis na queda de uma ovelha. Observe a sequência: fraca, doente, quebrada, desgarrada e perdida. Esses são cinco estágios pelos quais passa uma ovelha antes que se perca.

É responsabilidade de cada pastor quebrar essa sequência do inferno. Deus espera que cada um de nós sejamos pais espirituais que amam os filhos espirituais. Um pai gera, alimenta, cuida, protege, ensina, cura e está disposto a se desgastar até as últimas consequências, mas fará de tudo para que o filho esteja bem.

1. Fraca

O primeiro sinal de problema com uma ovelha é a fraqueza. Como podemos perceber um sinal de fraqueza em uma ovelha? Quando ela está fraca, ela não consegue orar, não consegue se firmar nas reuniões e nem resistir às acusações do maligno. Está sempre tropeçando por causa da fraqueza, e por isso também está suscetível às doenças. Em vez de ser duro com a ovelha nesse momento, como é a tendência de muitos pastores, devemos é dar comida para elas. Uma ovelha pode ficar tão fraca que não consegue nem comer sozinha. Então é preciso ter alguém que possa estar com ela alimentando-a até que se fortaleça.

Todo recém-convertido é uma ovelha fraca porque ainda é novo na fé. Ele ainda não aprendeu a comer. Se ninguém estiver ao seu lado para mostrar como comer da Palavra e beber do Espírito, ele vai contrair doenças espirituais e se afastará.

Qual é a condição das suas ovelhas? Qual a condição da sua igreja e das suas células? Todo pastor zeloso procurará estar atento para não perder ninguém. Certamente há ovelhas fracas na sua igreja. O que você tem feito para fortalecê-las? Seu encargo não pode ser apenas pelo culto, é necessário encargo por todo aquele que o Senhor lhe confiou. Nós ganhamos, mas também consolidamos cada novo convertido.

Caso a ovelha fraca não seja fortalecida, ela pode se tornar uma ovelha doente por causa de sua debilidade.

2. Doente
Qualquer um de nós pode vir a ficar doente em qualquer fase de nossa vida espiritual. Mas, quando falo de doença, estou falando de um estado continuado ou crônico. Uma ovelha doente vai manifestar algumas características, como ficar sempre em silêncio no meio dos irmãos. Ela ainda participa das reuniões, mas mantém certo distanciamento dos irmãos. Normalmente ela tem muitos conflitos com a fé e, por causa de dúvidas e acusações, se deixa influenciar por pensamentos e mentiras malignas.

Esse é um momento de batalha espiritual. Toda enfermidade espiritual é provocada por demônios. O pastor precisa assumir uma postura de guerra e confrontar todo espírito que esteja atuando na vida da ovelha. Leve os irmãos a fazerem o mesmo. Se muitos orarem por ela e com ela, a libertação virá. Uma ovelha assim doente, se não for tratada, pode entrar em uma situação de sentir-se quebrada ou prostrada.

3. Quebrada ou prostrada

A prostração é o terceiro estágio. Qualquer criador de gado se preocupa quando uma rês manifesta tristeza e prostração porque esse é um sinal claro de enfermidade no rebanho. Uma ovelha eventualmente se deita no pasto, mas há aquelas que se prostram.

Você não vai tirar a ovelha da prostração simplesmente exortando-a para que se levante. Alguns pastores são muito naturais com a obra do Senhor e interpreta toda prostração como preguiça. E, nessas situações, são bem disciplinadores. Mas a prostração da ovelha é uma reação. É um estado de desânimo por causa de desilusões com irmãos ou alvos de oração que ainda não foram liberados por Deus. Ela se sente desiludida com os irmãos e abandonada por Deus. Evidentemente essa é apenas a percepção dela. Toda criança na fé é imediatista, e quando a resposta da oração parece demorar, ela se prostra. Quando os irmãos parecem não conseguir ajudá-la a resolver algum problema, ela se sente decepcionada e desiludida.

Você deve estar pensado que tudo isso são coisas da carne, e são mesmo, porque todo novo convertido ainda é carnal. Mas nós não desprezamos uma criança por causa de sua infantilidade.

Como você deve agir nessa situação? (Is 42.1-7)
Para com a doente, precisamos exercitar um espírito de guerra; para com a prostrada, precisamos exercitar um espírito de graça. Você precisa falar ao coração da ovelha. Precisa ser sensível e não condenar. Uma ovelha prostrada eventualmente precisa ser carregada. Sei que é pesado, mas por certo tempo precisamos carregar algumas ovelhas de nossa igreja. É hora de exercitar fé e dizer: “Tem jeito”.

Como Jesus, nós somos líderes que nunca esmagam a cana quebrada. A cana quebrada é aquela que não consegue ficar de pé sozinha. Mas o bom pastor pega uma atadura e engessa a cana para que ela possa ficar de pé novamente. Quando a chama está quase se pagando e o pavio está fumegando, precisamos dar aquele sopro suave que faz o fogo reacender. A ovelha prostrada é esse pavio fumegando.

O pastor individualista, que tem a postura do “cada um por si”, perderá essa ovelha porque uma ovelha assim prostrada pode se tornar desgarrada.

4. Desgarrada

Se a ovelha fraca não é fortalecida, ela fica doente. Se a doença não for tratada, ela então se prostra. E se a prostração não for atacada, a ovelha se torna desgarrada. A tendência de uma ovelha desgarrada é se fechar, recolher-se em si mesma, tornando-se arredia, mesmo dentro do rebanho, desgarrando-se do convívio das outras ovelhas.

Ela ainda participa das reuniões, mas fica lá no fundo. É indiferente, sempre chega depois do louvor, e quando abordada, está sempre cheia de outros compromissos. Mantém aquele tipo de atitude em que percebemos o afastamento da pessoa, e quando lhe perguntamos como está, ela responde com monossílabos.

É nesse momento que muitos pastores desistem porque interpretam esses comportamentos como um sinal de que tal pessoa não quer estar na igreja. Uma pessoa que vem aos cultos esporadicamente tem algo vivo no seu coração, mas há algo que a impede de se firmar. São ovelhas desgarradas. Uma ovelha assim precisa estar ligada a alguém para não se desgarrar.

Precisamos de alguém suficientemente amoroso para cercá-la para que ela não se vá. Quem tem encargo para isso? Quem são os vigias que estão atentos e percebem quando o lobo vem para roubar uma ovelha?

Qual a atitude do pastor nessa situação? (1 Jo 4.7-21)
Com a doente, ele precisa de um espírito de guerra; com a prostrada, um espírito de graça; mas, com a desgarrada, é preciso um espírito de sacrifício. É preciso uma atitude de renúncia para trazer de volta uma desgarrada. Normalmente são ovelhas rebeldes e amargas, mas de nada adianta rejeitá-las ou rotulá-las. É preciso entrar na morte para que ela tenha vida. Um verdadeiro líder espiritual recebeu um encargo de Deus pelas suas ovelhas e aqueles que amam o Senhor cuidarão dos cordeirinhos.

Se houver um apascentamento em cada célula, eu creio que poucas ovelhas chegarão nesse estágio. É possível quebrar essa sequência de queda muito antes disso. Mas, se uma ovelha desgarrada não for trazida de volta, ela pode se tornar uma ovelha perdida.

5. Perdida

Perdida. Esse é o último estágio, quando a ovelha se afasta fisicamente do rebanho. A maior parte do trabalho de uma igreja de programa é correr atrás de ovelhas que se perderam, e isso é o que o Senhor quer também. Ele disse aos seus discípulos que fossem atrás das ovelhas perdidas da casa de Israel. Mas, em uma igreja em células, nosso trabalho precisa ter outra abordagem. Nós trabalhamos de tal forma que as ovelhas não fiquem fracas e não precisem passar por todo um desencadeamento de problemas.

Por: Pr Luis Rigonato