sexta-feira, 19 de julho de 2013

O Princípio da Fecundidade


“Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto” (Jo 12.24).
Nesse texto, fruto relaciona-se à fecundidade através da qual Jesus pode atrair muitos para si mesmo por meio de sua morte (v. 32). Atrair muitos para si mesmo é a formação da igreja através dessa salvação no Senhor Jesus. Ele veio com esse fim: gerar muitos filhos para o Pai.
Temos visto na igreja muitas pessoas querendo fazer algo para Deus. Mas o grande propósito do Pai é ter muitos filhos à Sua imagem e semelhança. Se tudo que fizermos na igreja não colaborar, em primeiro lugar, com esse propósito, então isso não faz parte do plano de Deus.
A Glória de Jesus são os filhos para o Pai, como dito em João 15.8. Em João 12.24, Jesus nos ensina o princípio correto se desejarmos participar desse projeto maravilhoso de gerar filhos para o Senhor.

1. Em verdade, em verdade

A expressão “Em verdade, em verdade” no original é “Amém, amém”, que significa uma expressão de absoluta confiança e convicção para confrontar todo e qualquer engano que há em outra forma de frutificar.
A verdade confronta e destrói a mentira. Uma verdade não anula outra verdade. Duas verdades podem coexistir e andar juntas, mas uma mentira não consegue andar com a verdade.
Muitos desejam ser instrumentos de Deus para gerar. Muitos querem participar desse projeto; usam todo e qualquer meio para essa finalidade (recursos financeiros, eloqüência, muito trabalho, meios de comunicação etc.). Todos esses instrumentos são válidos e devem ser usados. Tenho certeza que será uma bênção para o evangelho e nada disso é questionado, mas há uma verdade absoluta para aqueles que desejam ser usados por Deus para ser instrumentos de salvação aos perdidos.
Nesse texto, vemos que os gregos tinham vindo a Jerusalém para adorar a Deus. Mas nunca se esqueça, a verdadeira adoração acontece quando estamos inseridos no principal propósito de Deus. Eles desejaram ver Jesus. Todavia, estavam enganados na forma e no conteúdo. A forma fala a respeito da fama de Jesus, da glória humana. A fama exalta a pessoa aos olhos do mundo, mas a verdadeira glória de Deus diz respeito à verdade da morte em detrimento da glória. Com relação ao conteúdo, eles não tinham nem noção de que estavam tratando do Filho de Deus.
Nos versos 42 e 43 desse mesmo capítulo, vemos que muitos creram n’Ele, mas não O confessaram por temor dos homens. Preferiram a glória dos homens à Glória de Deus. Muitos desejam a fama de Jesus, mas poucos, a sua Cruz.
“E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lc 14.27).
A verdade confronta a mentira e o engano do mundo. A verdadeira adoração não está na fama ou na glória humana, mas na verdade da morte da semente.

2. Se o grão de trigo não morrer, fica ele só

A semente precisa morrer para germinar, mas muitos querem germinar sem morrer, apesar de ser esta a verdadeira forma de ser fecundo. Morrer significa várias coisas, dentre as quais:
a. Abrir mão de sua vontade para fazer a vontade do Pai;
b. Abrir mão de seu conforto;
c. Abrir mão de direitos legítimos – prazer, descanso, riquezas, glórias, família etc.
Dizia a todos: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23).
O texto do versículo inicia com uma conjunção condicional “se” justamente por isso: alguns podem optar em seguir por esse caminho outros não. A forma correta é a de tomar a cruz. Mas muitos optam por não seguir esse caminho.
Por quais razões pode alguém desejar frutificar para Deus sem o verdadeiro princípio da morte?
a. Autopreservação e autocomiseração;
b. Amar mais as coisas dessa vida – o presente século;
c. Falta de entendimento (revelação) da verdadeira riqueza – foco errado – “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1.3).)
d. Uma concepção errada de sua verdadeira identidade e propósito: “E, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2.6); “Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra” Cl 3.2).
O exemplo de Jesus
Entenda que Jesus passou pelas mesmas tentações que nós passamos. Sob pressão, a tentação sempre vinha tentando desviá-lo do propósito de sua verdadeira identidade. Os gregos deveriam querer fazer d’Ele um homem famoso, mas Ele tinha clareza que era o Cristo que deveria padecer. Por isso Ele disse: “[...] mas, precisamente com este propósito vim para esta hora.”
As tentações que Ele passou não foram suficientes para sucumbi-lo do verdadeiro propósito de sua vinda nem mesmo de sua identidade. Quando Jesus entrou em Jerusalém em um jumento, dois tipos de pessoas estavam lá e tiveram posturas diferentes diante da cena.
O primeiro grupo dizia: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor”.
O segundo expressava: “Vede que nada aproveitais! Eis aí vai o mundo após ele”.
Dois caminhos sempre estarão à nossa frente, cabe a você decidir qual tomar. Haverá sempre duas maneiras de servir ao Senhor. Em uma, eu entro em linha com Sua vontade; na outra, com a minha e com meu ego.

3. O Grão

O grão de trigo aqui aponta para semente. Jesus era essa semente que deveria morrer para germinar, crescer e frutificar.
Da mesma forma, nós somos as sementes de Deus nessa terra. O crescimento da igreja é a expansão do corpo de Cristo. E a maneira que Deus escolheu para esse crescimento foi plantando sementes aqui na Terra.

Para germinar, a semente necessita de alguns elementos:
O calor, a pressão e a umidade. Esses três elementos são essenciais para a semente quebrar a casca externa para liberar a vida que há no seu interior.

O Calor
O Calor fala do fogo que Deus envia para nos provar. Nós estamos sendo provados pelo fogo, e bem-aventurado o que suporta essa provação, porque são elas que nos ajudam a liberar a vida de Deus que há dentro de nós para que outros possam tê-la.
“[...] manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará” (1 Co 3.13).
“[...] A que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; estes não têm raiz, crêem apenas por algum tempo e, na hora da provação, se desviam” (Lc 8.13).
“[...] sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança” (Tg 1.3).
Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam” (Tg 1.12).

A Pressão
As provações geram um tipo de pressão. Mas existe um tipo de pressão que vem de meios externos alheios à nossa vontade: a pressão da vida, deste mundo; a pressão das respostas certas nos momentos certos; a pressão do ministério, do sacerdócio; a pressão do cônjuge, do filho, do trabalho etc.
No dia a dia, sofremos vários tipos de pressões que exigem atitudes de nossa parte. Não é fácil, mas, quando estamos dispostos a dar uma resposta certa e adequada, muitas vezes custa a renúncia de nosso ego e consequentemente morremos, e então a vida é gerada pelo testemunho.

A Umidade
Por último, a semente necessita de água. A umidade, nesse contexto, aponta para o trabalhar do Espírito Santo em nós, nos moldando e nos transformando para que a vida possa fluir de nosso interior.
O objetivo de Deus é, como falamos, a expansão de seu corpo. Somos sementes de Deus plantadas nessa seara. A colheita será resultado do quanto iremos frutificar para o Senhor. Seu alvo é alcançar muitos frutos. O desejo do coração do Pai é que todos façam parte dessa grande colheita.
Por: Pr Marcos Motta

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